sábado, 28 de março de 2020

Akihabara Deserta!

Eis algo que nunca imaginamos ver algum dia: Akihabara, ou apenas Akiba para os fãs de anime & mangá, com suas lojas fechadas e praticamente deserta!




Metade do mundo está de alguma forma preso dentro de casa por causa da pandemia do COVID-19. Nem precisamos entrar em detalhes dos motivos para uma medida tão radical - a TV, os jornais e a Internet não vão param de nos alertar sobre quão insidioso e contagioso este vírus é. 




O Japão tomou medidas protetivas antes que o vírus se alastrasse, e tentaram viver uma vida normal até o meio desta semana. Mas tiveram que se render ao fato de que sem isolarem seus cidadãos como outros países, nem todos os testes feitos de maneira preventiva até o momento bastarão para impedir uma expansão do COVID-19 como aconteceu na Itália e Espanha.




O Primeiro Ministro Shinzo Abe declarou este sábado: "Devo dizer que as pessoas precisam se preparar para uma batalha (contra o coronavírus) que pode ser prolongada" e em seguida anunciou um pacote de medidas para amenizar os efeitos negativos na economia japonesa, à maneira como os EUA e alguns países Europeus estão fazendo.




A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, pediu na quarta-feira aos moradores que evitem passeios não essenciais até 12 de abril, e as pessoas nas prefeituras vizinhas a não ir à cidade, para reduzir os riscos de transmissão. E os japoneses, sempre organizados e disciplinados, obedeceram.




O resultado são as fotos que ilustram essa matéria, todas feitas hoje, sábado 28 de março, mostrando o bairro de Akihabara conhecido como a "Meca" dos otakus de todo mundo, com suas lojas fechadas e ruas assustadoramente vazias. Estas fotos foram conseguidas em vários perfis no Twitter, tiradas por pessoas que passaram por algum motivo pelas ruas de Akiba e registraram este momento único. 




Tóquio se tornou o centro da epidemia de coronavírus no Japão com 212 casos, mais do que qualquer outra região após aumentos nesta semana. O surto já infectou 1.271 pessoas no Japão até a noite de quarta-feira, com 44 mortes ligadas ao vírus. Isso exclui 712 casos e 10 mortes de um navio atracado perto de Tóquio no mês passado. E pelo jeito, estes números irão aumentar muito nas próximas semanas. Akiba - e toda Tóquio, na verdade - ficará por muito tempo despovoada.




As matérias usadas como base para esta postagem foram retiradas do site "Japan Today", e estão disponíveis apenas em inglês neste link e neste link. Para encerrar, mais algumas fotos de Akiba despovoada:



































         

Personagens de Anime Como se Fossem Atores

Aqui vai uma curiosidade que só otakus arcanos como eu talvez tenham percebido: existem alguns personagens de anime que parecem ter "atuado"em mais de um anime! Acompanhem a linha de raciocínio que vocês entenderão. 



Em julho de 1986 foi lançado um OVA chamado "California Crisis: Gun Salvo". Seu valor para a história dos animes é nulo, uma aventura de FC com 45 minutos de duração tão básica e clichê que nem vale fazer um resumo. Mas se percebe de imediato um sombreado forte e contrastante que deixou todos os personagens como se fossem bonecos de plástico brilhoso - uma tentativa não muito feliz de emular o sol brilhante da Califórnia... Foi um daqueles OVAs lançados nos primeiros anos deste novo formato comercial (o primeiro OVA - Dallos - foi lançado em 1983. Comentarei ele em breve). Era uma época de tentativa e erro, com vários estúdios produzindo animes incomuns e experimentais porque ainda não havia se chegado ao formato ideal para os OVAs, e milhões de japoneses estavam famintos por qualquer anime exclusivo para assistir em seus videocassetes.



Mas o que nos interessa em California Crisis é o protagonista da história, chamado Noera. 



Notem a incrível semelhança que ele tem com Dusty Attenborough, o mestre das fugas em "A Lenda dos Heróis Galáticos" (1988 em diante)! 



Se não fosse um anime, dava para dizer que era o mesmo ator em dois papéis diferentes. Tirando a cor do cabelo e as sardas no rosto, o resto é idêntico!



Mas tal semelhança não é casual: Dusty e Noera foram criados pela mesma "character design" (desenhista de personagens) Matsuri Okuda (ou Mari Okuda). Outro trabalho dela que é bem conhecido entre os brasileiros, foi a criação de todos os personagens da série Shurato.



Em Heróis Galáticos, California Crisis e Shurato ela foi a "Main Character Design" (Desenhista Principal de Personagens) - ou seja, toda a aparência e visual dos personagens foi desenvolvido por ela. É por isso todos guardam uma forte semelhança.



Se forçarmos um pouquinho, a protagonista feminina de California Crisis (chamada Marcia - sim, é sério) parece uma versão mais jovem de Frederica Greenhill (também de Heróis Galáticos)... Talvez seu primeiro "papel" nos animes?


Fica então o registro que antes de ser o genial Almirante das Fugas na série clássica dos Heróis Galáticos que começou em 1988, Dusty Attenborough juntamente com Frederica Greenhill "estrelaram" um OVA obscuro em 1986.



Para quem desejar conhecer mais detalhadamente os trabalhos de Mari Okuda, basta clicar neste link para acessar o perfil dela no Anime News Network Encyclopedia.




sexta-feira, 27 de março de 2020


Curiosidade Para Relaxar:

No capítulo 46 do mangá de Goblin Slayer lançado esta semana, uma "Noble Fencer" ( Esgrimista Nobre ) se uniu ao grupo do lendário matador de Goblins.


Nos forums mantidos pelos milhões de fãs ao redor do mundo, estão teorizando que ela se tornará uma versão feminina dele, pois teve toda sua party morta por goblins. Mal essa teoria começou a ser discutida, alguém desenhou e postou essa fanart que causou furor internacional:::



Realmente, ninguém supera a velocidade dos fãs interneteiros. Se algo ainda não existe, eles vão lá e criam!






quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Analisando Sonic - O Filme

Após vários adiamentos por ter que refazer o visual do Ouriço Azul, seu filme acabou de estrear no Brasil. Nós estivemos na Cabine de Imprensa para assistir, e trazemos a vocês nossas impressões:  



Deixando de lado a novela que todo mundo já conhece envolvendo a primeira versão "horrorível" do Sonic em animação CG, os meses de atraso para poder desenvolver um novo personagem e animar todas as cenas, vamos direto a pergunta que muitos já me fizeram desde quando voltei da Cabine: o filme é bom? 

Sim, é bom, é engraçado e também muito divertido de ver se você for ao cinema sem cobranças no coração. Explicando:

O Filme não é muito longo: são 99 minutos de duração com o Sonic correndo e pulando por todos os cantos da tela, fazendo jus a sua fama de o ouriço mais veloz do mundo. Ele não para quieto e nem perde uma chance de fazer piadas, trocadilhos e tudo o mais que qualquer um que jogou seus primeiros videogames vai com certeza identificar. No filme ele fala, e fala muito, mas isso é o que aconteceria a alguém vivendo isolado e escondido numa floresta. Mas sem spoilers para não estragar a surpresa de quem pretende assistir. Então vamos a uma análise mais técnica.



Esta segunda versão em CG do Sonic funciona muito bem e não tenta enganar fingindo ser "real". É um personagem de videogame em versão tridimensional com todos os seus movimentos, expressões e interações com personagens de carne e osso deixando bem claro que não pretende em momento algum ser "de verdade". Considero um ponto positivo, pois o espectador já percebe isso logo no primeiro minuto e pode relaxar na poltrona do cinema sabendo que vai assistir uma aventura de fantasia e pitadas de ficção científica sem nenhuma pretensão de ser ultra-realístico nem concorrer a um Oscar. Este filme foi criado almejando poucos objetivos: divertir os fãs mais velhos do Sonic emulando todos os movimentos, pulos e golpes existentes nos videogames da franquia e entreter a gurizada de dez anos para baixo com uma história fácil de entender.



É difícil encontrar um ponto de equilíbrio para agradar dois públicos de idades tão diferentes, e talvez aí esteja o maior problema. A história fica um tanto forçada e tem furos óbvios de continuidade e lógica - não muitos, mas estão lá. Crianças nem perceberão e vão aplaudir, mas quem jogou o primeiro Sonic no Mega Drive em 1991 com certeza vai notar e nem precisa ser do tipo "cata-piolho". Fica óbvio que a Paramount deixou propositalmente o filme mais "infantilizado" para não ter que contar só com a ida dos fãs do videogame aos cinemas. Uma decisão comercial acertada, mesmo com a franquia de jogos do Sonic tendo acumulado quase 98 milhões de cópias vendidas, somadas todas as versões lançadas (os jogos da série Mario & Sonic não contam, mas venderam quase 23 milhões de cópias). 




Então, por mais que doa aos fãs da geração Mega Drive e que irão ao cinema para assistir com seus filhos, a verdade é: este filme não foi feito APENAS para vocês. Então nem comecem a cobrar "fidelidade" total aos videogames porque não era esse o objetivo. Lembrando, este filme só quer te divertir com uma história simples, porém cheia de cenas engraçadas do Sonic como se fossem uma sucessão de tirinhas de jornal. Aliás, dá até a impressão que cada cena com ele foi planejada para ser uma historinha fechada em si, sem ligação com a trama principal, o que em nada diminui a graça delas.




Mas agora falemos um pouco dos atores de carne e osso. Primeiro, nota-se que foi uma produção caprichada no quesito de montagem, pois quando o Sonic interage com pessoas é muito fácil esquecer que quando filmaram as cenas com os atores ele não estava lá, com o ouriço azulão sendo "aplicado" depois. Está sem dúvidas um trabalho muito bem feito e todos os atores merecem um parabéns por atuar conversando e interagindo com o nada. 
Mas James Marsden, apesar de ser o ator com mais falas e participação em todo o filme, é apenas um personagem de suporte onde o Sonic se apoia para fazer suas cenas, falas e piadas. E Tika Sumpter é o apoio do James para os poucos momentos em que os dois interagem no filme. Ambos fazem suas interpretações de maneira competente, e só. Afinal, o "ator" que precisa brilhar é o Sonic em primeiro e o Doutor Robotnik em segundo.




E sobre a interpretação de Jim Carrey como Doutor Robotnik, o arquiinimigo de Sonic, precisamos falar mais do que algumas linhas: ele está ótimo, divertido, carismático, cheio de caretas e... bem Jim Carrey! Ele realmente se esforçou para fazer o papel do cientista louco, egocêntrico e psicótico que todos vão adorar odiar! Jim fez questão de interpretar agindo da maneira mais malvada e antissocial possível, deixando o seu Robotnik muito próximo a imagem que todos temos dele nos videogames. Devemos agradecer a Paramount pela ideia de contratá-lo. Ninguém mais além de Jim, o rei das caretas e caricaturas vivas, poderia dar tanta substância a um vilão tão básico e... caricato!




Muito me alegra ver o quanto queimaram a língua (e os dedos) todos os que ficaram "hateando" o Jim  porque "não parecia nada com o Robotinik dos jogos". Ele não precisou engordar cem quilos para fazer uma ótima interpretação.  Se você é fã deste incrível ator e não está nem aí para o Sonic, pode ir alegremente ver o filme que o ingresso ainda vai valer. Não há nada melhor do que ver Jim Carrey sendo Jim Carrey, e ainda com uma cena dançando ao som de "Where the Evil Grows" (música de 1971, do Pop Family. Não é do seu tempo, jogador de Mega Drive!).    




Enfim, se você vai ao cinema de coração aberto e sem nenhuma intenção de cobrar "perfeição" e "fidelidade" aos videogames, com certeza irás se divertir com Sonic - O Filme. É pipoca pura e inocente, faz valer o preço do ingresso.

E tem o Jim Carrey!


   

Agradecimentos ao Luiz Felipe por me indicar para a Cabine, ao Azzis Netto pela ajuda para achar o nome da música "Where the Evil Grows", ao Januncio Neto e Pablo Gouveia pela ajuda na revisão e avaliação.